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quarta-feira, 23 de setembro de 2015

JUVENTUDE, FÉ E OPÇÃO DE VIDA.

Foto: Divulgação


Todas as nossas comunidades são convocadas a celebrar no dia de Cristo Rei, 24 de novembro, o encerramento deste grande Ano da Fé que foi convocado pelo Papa Emérito Bento XVI. Ao mesmo tempo com a Campanha da Fraternidade sobre juventude e a JMJ acontecendo no Brasil, o ano também foi se constituindo como um Ano da Juventude no nosso país e várias atividades organizadas na e pela Igreja estavam voltadas às juventudes.

Nesse fim de ano começamos a fazer nossas avaliações e planejamentos para o ano vindouro e fica a pergunta: O que colheremos deste ano que foi intenso na Fé e na Evangelização da Juventude? Resgato aqui o objetivo geral da CF-2013: “Acolher os jovens no contexto de mudança de época, propiciando caminhos para seu protagonismo no seguimento de Jesus Cristo, na vivência eclesial e na construção de uma sociedade fraterna fundamentada na cultura da vida, da justiça e da paz”.

Fomos e somos cotidianamente convocados pelo nosso amado Papa Francisco a ser fermento na massa, a não termos medo de testemunhar nossa fé e também de levarmos os valores evangélicos a todas as nossas dimensões da vida humana. Acompanhar e se envolver na política é a forma mais ampla de fazer o bem comum.

O Documento 85 da CNBB – Evangelização da Juventude: Desafios e Perspectivas Pastorais há a sétima linha de ação que reflete o Diálogo Fé e Razão. Está constatado que a juventude avançou muito na escolarização com o aumento do acesso ao ensino superior nas universidades. Estamos cheio de histórias e fatos que relatam o confronto que nossos jovens católicos vêm sofrendo com ataques do ateísmo baseado num racionalismo exacerbado. Temos de acompanhar nossa juventude nesses espaços, fortalecer o serviço Pastoral Universitária bem como promover mais subsídios para favorecer o diálogo entre o universo religioso e o universitário.

Dom Pedro Casaldáliga, bispo emérito da prelazia de São Felix do Araguaia, escreveu um texto sobre Espiritualidade e nele traz alguns questionamentos muito pertinentes à vida na prática. Transcrevo para ilustrar bem como precisamos ter maior clareza de nossas opções na vida:



Espiritualidade (D. Pedro Casaldáliga)

A espiritualidade religiosa tem a ver com Deus, está claro. Religião, de um modo ou outro, tem a ver com Deus. Ninguém pensa em religião sem pensar em Deus. O problema, o desafio, é saber de que Deus se trata? Dependendo de que Deus, minha espiritualidade será uma ou outra. Quer dizer que é possível ter Deus ou deuses diferentes? É possível, sim! E esse é o problema-raiz de nossa espiritualidade, de nossa religião, de nossa fé. Vocês nunca pensaram que talvez o Deus em que acreditam não é bem o Deus de Jesus? Pode ser um Deus meio fora do Evangelho; pode até ser um ídolo...!
Se meu Deus é o deus do medo, não é o Deus de Jesus. Se meu Deus é o Deus distante, nas nuvens, longe da vida humana e da humana história, não é o Deus de Jesus. Se meu Deus é um Deus 'meu' (meu, para mim só, privado, sem compromisso social) não é o Deus de Jesus. Se meu Deus é Deus somente para os católicos, para os cristãos, e não é o Deus de todos os humanos e de todos os povos, não é o Deus de Jesus. Para viver a verdadeira espiritualidade cristã devemos, ante tudo, acreditar no Deus que Jesus mostrou com a sua vida, com a sua palavra, com a sua morte, com a sua Ressurreição. Acreditar n'Ele e viver pelo seu Espírito. Jesus é o rosto de Deus humanamente acessível. Seu jeito é o jeito de Deus. O que Deus quer é aquilo que Jesus quis e pelo que Ele lutou e morreu. 'Quem me vê, vê o meu Pai' (Jo 14, 9). Por Jesus sabemos quem, como é Deus!
O Deus daqueles que vão à missa e batizam os filhos... mas abusam dos operários ou das empregadas ou não se comprometem com a mudança da sociedade, é o Deus de Jesus? Quando vocês não metem Deus no namoro, no trabalho, na festa, na política..., em que Deus estão acreditando? Deus é Deus sempre e em tudo ou não é Deus, minha gente!


Texto Publicado no Informativo Arquidiocese em Notícias em novembro de 2013.